quinta-feira, 15 de março de 2007

O que fizemos

Como cristão, tenho me entristecido muito com o que vem acontecendo em nosso país. Denúncias contra denominações; líderes que, de certa forma, destacaram-se no meio cristão atingindo multidões, espalhando templos por todo o país e pelo mundo, enfim, cresceram e apareceram. Só que, da mesma forma que cresceram para o povo cristão, também cresceram para o resto do mundo. Mundo este que agora, com todas as acusações que surgem, aponta e diz: "Olha lá os crentes, eles que dizem ser santos, olha o que fizeram".

O mais triste é que tais comentários feitos por outros acabam por colocar todo o povo cristão evangélico num mesmo saco. Generalizam, e aí o resultado é o que vemos se alastrando hoje: uma desconfiança, um medo, um ódio até, e uma perseguição às igrejas e pessoas, e não só àqueles que "pisaram na bola". Porém, é fácil para nós, cristãos que não temos nada a ver com essa aparente trambicagem, dizermos que agora Satánas irá usar as pessoas pra nos difamar, dizermos que seremos injustiçados, acusados, perseguidos e por aí vai. É lógico que Satanás o fará. É isso que ele quer, e a oportunidade foi e tem sido dada, infelizmente, pelo próprio povo de Deus.

Mas o que tenho a dizer é algo que conversei com irmãos da minha igreja. De certa forma, essa generalização feita pelas pessoas não-cristãs é culpa dos próprios cristãos. Será que nós e nossos irmãos não fomos arrogantes na hora de expor aquilo que cremos? Será que colocamos isso como se fôssemos os donos da razão, os melhores, superiores por sermos quem somos? Pois, na verdade, não somos nada mais do que ninguém, pois o que nos faz diferentes não é algo nosso e nem consegido por nosso mérito, não é algo merecido. O que nos faz diferentes é Cristo, e sem Ele não somos nada, como qualquer outra pessoa.

Pensemos nas igrejas há 20 anos, quando as chamadas tradicionais, cheias de usos, costumes e "coisinhas", dominavam o cenário cristão. Fui desse tipo de igreja e, ainda adolescente, percebi algo: não conhecíamos, não estudávamos, e não nos aprofundávamos naquilo em que acreditávamos. Refiro-me a Cristo e Sua Palavra. Era um desfile de "doutrinas humanas", de pregações recheadas de um mistério excessivo, maluco e, o pior, sem qualquer respaldo bíblico. Aliás, a Bíblia não passava de um amuleto, ou de um "apetrecho de crentes", e nós não dávamos a mínima para o seu real conteúdo, a Palavra.

Lembro-me que nessa época os crentes tiravam a paz do povo quando, em vez de evangelizar apresentando a Cristo e o Seu Amor através do ato da cruz, faziam chantagens emocionais, fazendo ameaças, apresentando muito mais o inferno e o fogo em que as pessoas iriam queimar caso não mudassem de vida. Os crentes agrediam verbalmente, machucavam e causavam algo que, anos depois, iria se tornar doloroso e mais dificultoso ao povo de Deus: falar de Cristo, o real Cristo.

Por isso, até hoje nos julgam como lunáticos, bitolados, que nada podemos, nada fazemos, porque nosso Deus "não deixa". Os que nos julgam, por nossa culpa, pensam que, se conhecessem esse Deus apresentado pelos "crente", seriam escravizados por Ele e perderiam toda a liberdade de viver.

Puxa, vejamos só o que fizemos (e alguns ainda fazem), e aprendamos algo com isso tudo. Agora não é hora de procurar culpados e nem de se levantar contra os que estão "pisando na bola" e sujando o nome de Cristo com escândalos. É hora de acordarmos e vermos que nada ficará mais colorido e lindo como muitos pregam por aí. A batalha já começou há algum tempo: apresentar a Cristo será bem mais complicado por causa do que semeamos, e por causa do inimigo, que endurecerá ainda mais o coração do mundo, apresentando os escândalos e um falso cristo que vem pra "privar o mundo da liberdade".

Na verdade, Cristo vem para trazer e apresentar a todos a verdadeira liberdade, e nós somos os que devem proclamar isso, portanto devemos saber que é hora de arregaçar as mangas, deixar as "coisinhas" de lado, pois o mundo jaz no malígno, não há mais nada nosso aqui a não ser as vidas que buscaremos. As dificuldades virão – e olha que ainda nem estamos sendo perseguidos "de verdade" como muitos têm sido perseguido em outros lugares.

Chega de fatasiarmos e ficarmos sentados dentro de nossas luxuosas e numerosas igrejas, pulando e fazendo festas, e excluindo o mundo da Verdade de Cristo, como se os outros fizessem parte de uma raça "não-merecedora" da Graça.

O mundo perece sem Cristo como nós perecíamos também. E os que apresentarão a oferta da Vida seremos nós mesmos, aqueles que foram alcançados por esta mesma Vida em Jesus Cristo, o Verdadeiro e Único cheio de amor, perdão, e pronto pra receber a todos sem exceção. E, embora venham as dificuldades, Ele é fiel, e estará sempre conosco em qualquer situação, nos trazendo força, livramento e sabedoria para resistir aos dias maus.

Deus abençoe a todos.

Carlos Alberto - Pirituba - SP
http://artigovirtual.blogspot.com

Nenhum comentário: